Não há surpresa nesta posse doente de pessoas sobre pessoas. Os casais. Os atrelados. Os casados. Os donos-um-do-outro. A pesquisa da vidinha que sobra do horário comum. Quando chega a crise. O desamor. O ter de haver culpa nisso. O telefone confiscado. Os bolsos revistados. As carteiras reviradas. Os odores reconhecidos. Cães e cadelas a mijar à volta do poste: a relação. Não há surpresa nesta posse. Nesta asusência de sentido do outro. A liberdade reduzida a desvalor. O compromisso elevado a sacrifício. A propriedade. O amor forçado. Os avisos. Os mal-amados farejantes. A dignidade de quem vê o casamento em crise encosta-se a um poste com saia curta. Não há surpresa nesta dominação.
Respeitar a escolha, como? Pois não é o nosso Deus quem salva compromissos condenando à morte o próprio filho?
2 comentários:
Esta visão devia ser incluída no tratado de certo académico, na parte de direitos reais, provando, isto polémicamente, que os seres-humanos, para além dessa condição, acumulam o estatuto de "coisa", visto serem objectos de relações, não só jurídicas como todas as outras.
Não concordo nada com o que escreveu.
Meus amigos,
Que honra...
Não faço juizos de valor...isto é uma mera descrição...gostei muito do comentário do José Duarte. O confiscador, a que perde a dignidade, pode ser qualquer um. Limito-me a observar o perigo que o não saber deixar partir representa para a dignidade pessoal, para a liberdade, e as raízes culutrais dessa obsessão em ter o outro como seu. Mas a dor que justifica querer ter é absolutamente humana e ninguém, nem eu, está livre destas misérias.
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