sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Lançamento do "quando uma palavra não basta"

Caríssimos,
Dia 6 de Março, às 18h e 30, estão convidados para o lançamento do "quando uma palavra não basta", cuja apresentação, para meu enorme privilégio, fica a cargo do Professor Fernando Pinto do Amaral.
Espero por quem entenda dar-me a alegria da sua presença.
A apresentação será no Palácio da Independência, no Rossio.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

vê-me III

eu sei que vens cá hoje de noite, assim com o dia nascido
inesperado
o dia assim nascido e o gesto que um sinal de trânsito poderia ter
condenado
eu sei que vens cá hoje noite, e parece-me um pouco salgada a tua visão

(vou mudar de registo)

eu não sei se me vês, aqui sentada a escrever sobre os teus olhos talvez salgados de espanto. eu sei que me comove a recordação do mistério de um vestido branco, feito em vestido cinzento e finalmente a pele que agarra todos os vestidos que entrem comigo nessa porta.
eu não sei se me adivinhas aqui sozinha, se sabes que sabe bem por algumas horas criar um espaço onde parece mesmo que nos aconteceu uma pessoa. eu sei que vens cá hoje de noite e estou aqui, um pouco febril, num tempo estranho em que um pecado me salva.

não perguntemos mais nada, colhe a véspera e nela colhe o dia de hoje, porque eu sei que vens cá hoje de noite; não questiones uma regra que seja porque eu preciso que a minha solidão te comova e que a memória se mexa devagar na tua cruel circunstância; não te escondas, telefonando, eu não temo o teu silêncio, eu entendo a gritaria do teu cérebro, eu sei da aflição pendular desta transgressão.

mas entretanto, mas entretanto, mas entretanto,
meu amor inventado,
passa por aqui depressa

(não temas, não teimes, não tremas)

e permite-nos terminar um quadro.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

hoje nada

que tu entrará na porta que abrirei?
hoje não espero já que esperes veres-me
que tenhas essa alegria inquieta: ver esta mulher a entrar e sentires em mim a palavra tu.
vagueias a poucas distâncias de mim e é tanta a tua emigração
(de mim apenas)
que já não estou ansiosa.
uma raridade a tristeza ser uniforme, ter a densidade disso mesmo, e assim matar não a alegria que me darias, mas a ansiedade que me mata a espera pela alegria perdida.
estou triste. tão triste que talvez acabe o dia a dizer sou triste.
eis que te vejo: uma recordação limitada pelo perímetro do teu corpo; o teu sorriso geometricamente idêntico ao dos dias em que me esperavas, mas nada de verdade nele, ou tudo finalmente de verdade nele.
estou triste. tu também me pareces triste, mas a tua tristeza não tem a única consolação que (me) poderia transportar: haver nela a minha ausência.
como estás?, perguntas. teres de perguntar como estás decompõe a minha memória – lá atrás, tu a dizeres-me estás tão tensa -, e saio da enorme distância do teu abraço a conter a choro que seria perfeito. num outro dia.
hoje, não me resta(s) nada.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

"quando uma palavra não basta"



já começa a circular numa ou noutra livraria este meu livro. agradeço a todos os que me apoiaram a escrevê-lo e, sobretudo, a publicá-lo.

agradeço ao Zé Lourenço ter concedido ao texto o privilégio desta capa: um quadro seu, cheio de força.