terça-feira, outubro 24, 2006

O telefonema

Eu estou só à espera. Eu só estou à espera. O telefonema. O sorriso que me acontece nele. Eu estou só à espera. E dói-me o olho direito. Um bom início de conversa. O sorriso específico. Eu estou à espera. Calmamente. Este não é um texto alucinado. Este não é um texto da angústia da espera. Mas eu estou à espera. Porque seria agradável. O sorriso que me provocas. Sempre. Que te vejo. Que te sinto por perto. Que te adivinho. Simples.
Eu estou à espera. Tenho os olhos muito secos. De mais. Só não estão secos quando choro. Chorar é-me uma vocação. Um bom meio de conversa. Saberes mais de mim. Esta curiosidade. Tua. Minha. Acerca um do outro. Nada que aflija. É simplesmente bonito. Bom. Doce. Estranho. Familiar sem o poder ser.
Eu estou só à espera. Eu só estou à espera, com os óculos na prateleira. Eu gostava muito. Não me custa nada escrever isto. Passar pelo que seja. Eu estou a sorrir, como faço sempre que te encontro. Escrevo que estou à espera que me telefones com o mesmo sorriso que te atiro quando entro na tua sala.

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