Com a cabeça a explodir por uma dor bíblica, é maior a dor imagética, cai inteira num papel e escreve: tu.
Hoje em todos os semáforos eras o homem do lado; ela revirava a cabeça, uma e outra vez, e o teu cabelo hoje, nos semáforos, foi de todas as cores. Só os teus olhos são sempre estáveis, ali onde ela queimou uma superficie. E tu, onde andas, pergunta; Lisboa enorme e só te sabe em dois lugares. Talvez sejas quem lhe diz desculpe, amanhã, num café qualquer, e a obriga a chegar a cadeira para a frente para passar atrás. Ou talvez agora mesmo tenhas parado no semáforo onde há quinze minutos ela te viu noutro corpo.
Ou a sala, hoje, é o deserto depois do deserto ainda, porque aproveitaste o feriado e estás fora do mapa de Lisboa.
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