quinta-feira, novembro 23, 2006

Aqui, ao longe

ao longe, o ruído contínuo do combóio não te leva. és esse som distante, mas audível, e que assim se estabiliza num estar paralelo a mim.
ao longe, o ruído contínuo do combóio não te leva. pouso as pálpebras na escuridão delas, com força, com peso: o ruído ganha proximidade, as faíscas que produzo nas retinas magoadas; assim o meu corpo os carris do combóio que te não leva. inisisto e pressiono mais as pálbebras; o ruído tem agora a forma da deformação do meu equilíbrio. estou a perder a postura, vou cair, tonta, e ser a forma do combóio do ruído em que me estás.
ao perto, de olhos fechados, o combóio não te leva, nem pára: está parado em movimento.
ao longe, uma mulher de olhos abertos ficou interrompida.
ao perto, o ruído do combóio faz-se sobre o meu corpo deitado a faiscar sem agressões.
e tu deslizas.

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