um agrafador une-te a este saco apertado, entre a garganta e o umbigo, fora e dentro, como o teu movimento
e lá fora, bem (lá) fora da minha cabeça, escuto com vaga atenção o cão rafeiro que tinha um nome.
ainda não deste por esta película, tão bonita a tapar o teu buraco, o meu buraco, o que fiz de mim: nos últimos dias.
aquele ganir mansinho que o jackie não abandonava, uma orelha meia comida por uma lepra de cão, o medo que ele tinha de ser apanhado em cima da cadeira dos casacos: saltava de repente e fugia encolhido, com uma pata que nasceu já sem uso a abanar deficiente.
e eu...naquele tempo...não chorava.
passei a mão nas escadas e senti os passos que não tens dado nelas; bati à porta de uma vizinha velha e disse-lhe: vim aqui desejar-lhe um ano de merda e continue a caluniar-me que eu gosto.
um sol de janeiro a acalmar uma margem qualquer, as pálbebras tristes do meu cão ressuscitado, um lenço nas minhas mãos trémulas e um sorriso só a olhar o paredão:
é que eu... naquele tempo...não chorava.
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