domingo, janeiro 21, 2007

espelho teu

tem calma, dirás?
um frio inesperado: descobrir a mácula do amor.
o frio no quarto do hospital tem a culpa dessa face obscura do amor.
quem permite ver-se amado assim é um tirano disfarçado.
(cambaleante, está a desamar-te).
este frio tão repentino, sombreado de mágoa; que serei para ti que não um espelho?
espelho teu, espelho teu, dois pregos caídos nesta cama, os meus braços sem préstimo, a tua crepitação, a tua respiração ofegante a revogar o medo da meia-idade.
fazer do outro um espelho é despotismo, espelho teu, espelho teu.

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