sexta-feira, setembro 01, 2006

Pela sua voz

Quem tira as forças das memórias espera que quem desenha algumas aparentemente boas não as trate com azeite quente. A ansiedade corta-lhe o coração verticalmente e a dor tem essa direcção. Telefona à voz que ouve com mais atenção. Não é só a palavra que busca mas o consolo daquele respirar que entra no ouvido que há três dias era usado apenas para a exitar. Ouve:

- Ironize.

A ansiedade amarra-se no tórax. Diz:

- Vou deixar de respirar.

Deixa-se acalmar pela sabedoria da voz que ouve com mais atenção. O coração reconhece. Fuma na doença adiada a voz que insiste:

- Não tenha medo. É esse medo que os seus lobos querem que tenha.

Começa a respirar e a sentir. Sobretudo a sentir.

As ancas voltam ao lugar.