sexta-feira, dezembro 29, 2006

uma mulher sente...

uma mulher sente, uma mulher sabe...
hoje pareces-me um outono inclinado, enganado, a véspera do inverno.
uma mulher sente, uma mulher treme...
resta um pouco de dia, uma pompeia por submergir: tu a examinares o quê?
uma mulher sente, uma mulher sabe...
( não há sorriso burguês que apague a certeza que lhes oferece esse silêncio)
uma mulher sente, uma mulher sabe...
hoje pareces-me uma penugem de cisne a pesar como chumbo; hoje pareces-me a bengala de ti mesmo.
uma mulher sente, uma mulher sabe...

insensata toda a palavra que não o grito que não é palavra
insensata toda a desculpa que não a culpa de não ter culpa
insensato todo o pedido que não seja: isso, isso, isso, minha besta...
uma mulher sente, uma mulher sente, uma mullher sente...
tão mais que o sentir que queres que sinta na pergunta: sentes, sentes, SENTES, querida?

uma mulher sente, uma mulher recorda
uma morte pelas pernas, uma vida pela boca
uma mulher insensata sente, uma mulher triste recorda
e sabe que não sentes.

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