entre a casa e a secretária onde trabalha, há uma fila de carros. no meio, um espaço, o carro dela, ela, um intervalo, um sítio para se não evitar. são longos minutos de medo. chove, trava-se a fundo, a cor que obriga é redonda: um sinal de trânsito, um sinal de loucura, a chegar, enquanto o trânsito estagna, ali, no intervalo, ganha tempo, esse habitante ocasional. um veneno a desfigurar o trajecto que queria breve, que tem de ser breve, antes que doente, outra vez, que medo, que medo tem destas paragens.
chega, limpa a lágrima da resistência, sobrevive: e começa o dia.
3 comentários:
O tempo do medo? Não há tempo para ter(mos) medo... mesmo que a vida (nos) pareça uma estrada sempre sinuosa, a mesma que atravessa o abismo da loucura.
Diz não ao (teu) medo... não temas... o (teu) medo... enfrenta-o. O medo dói. Corrói. Sempre.
Nem sempre a voz de comando para o interior é forte. Nem sempre se olha para dentro com medo do que lá possa estar. E a solidão é uma caixa de Pandora a pedir para ser aberta. E o que sai de lá não é mais do que o que lá metemos.
"chega, limpa a lágrima da resistência, sobrevive: e começa o dia." Mais um dia... de Medo.
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