segunda-feira, abril 23, 2007

O Verão persegue-te

Gostei muito, leio.
Depois há uma palavra: o meu nome.
Gostei muito soa sem soar e o meu nome dá um grito harmonioso: escrito por ti.
A tua voz surge toda no final da frase que me envias, um nome, as sílabas dele na minha língua a derrotarem quatro fronteiras, a aplanarem uma dor, tu, ou o teu nome, andas a escrever, dizes.
O espaço do que dizes é todo depois do espaço onde aparecem as palavras de hoje, porque andas a escrever: eu posta então nas margens do teu caderno, versos, pergunto, e sei que sim, e recordo já os contornos da tua caligrafia, os versos abandonados, os versos que ficaram, o poema que vai contar uma verdade, numa síntese, as tuas sínteses; gostei muito, leio, e escuto com atenção esta palavra,
essa palavra,
esse nome que me dás no final da frase,
e vejo-te em movimento, a fazeres o que dizes, a tua síntese alongada, sem outra pausa senão a do silêncio, perseguido pelo Verão, dizes.

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