sábado, setembro 20, 2008

fim

encontra-me lá em baixo sem camisa que é como quem diz sem espererança e força-me a tirar o resto de mim para cima de uma mesa ao sabor do meu gin de sempre assim de repente sem pontos nem vírgulas mata-me no fim das escadas contra a parede dos meus sonhos sem pontos nem vírgulas fura-me a pele com a ponta do teu charuto diz-me ao ouvido com a tua insensibilidade fingida cheiras a frango agarra-me o cabelo num gesto todo até eu duvidar que amanhã ainda o tenho e duvida tu da minha certeza de que te estou a dizer adeus assim no fim de umas escadas contra a parede dos meus sonhos sem pontos nem vírgulas sem camisa dói-me o pingar de alcool nas pernas encontra-me cá em baixo a abrir os olhos para uma história com mais chicotadas do que palavras assim sem pontos nem vírgulas vou cair antes de morrermos para te recordar do sangue e da humidade bebe bebe bebe dizes e dizias vou rebolar nos teus braços picados antes de morrermos sem camisa que é como quem diz sem esperança amanhã eu acordo sozinha o sol já morreu ou já te queimou o rosto que antes de cair em cinzas no último degrau esboça um sorriso ao meu grito quando me furas a pele com o teu velho charuto hoje não me moves as pernas hoje encontra-me lá em baixo sem camisa porque sem esperança faz um pouco de ontem e assim sem pontos nem vírgulas inala-me e sai