Estamos a viver o presente e dizes vamos fazer com que isto dure. Quando o dizes tens um odor na tua frase e quando te escuto é hoje, e parece uma impossibilidade que exista um amanhã que faça da tua frase uma relíquia pisada por odores que se mexeram pelo espaço do teu som em tempos que são de repente ontem, um novo hoje, a fazerem de ti antigamente e mesmo assim, às vezes, diluídos numa parede de azulejos falsos ou perdidos nos acordes de um violoncelo o teu rosto quando a porta se abria; o que tens? Desapareces e um pingo de chuva acerta-lhe em cheio na ponta do nariz, reapareces quando o lambe na descida para os lábios, há um homem que lhe assegura recordar-se do seu cheiro a dois metros de distância, a três anos de distância, e há um homem que não usa senão o cheiro que a pele lhe empresta. Estamos a viver o presente e dizes vamos fazer com que isto dure, não dói absolutamente nada, tens a distância das cidades gregas, és o advérbio antigamente, mas rasgas a memória de uma rapariga que não gosta de quem vive bem com uma condenação à morte sem pedir a palavra.