Às quatro da tarde diz volto já
E só ela sabe daquele deserto
Os lençóis para tremer até passar, até passar, vai passar?
Vou passar-me
Depois volta,como se nada fosse
Do mundo,ali,sob o edredão
Onde se conta: duas horas para recuperar e dizer
Então, sempre fazemos assim ou assado?
Dizem-lhe: que bonita
Pensa: que alívio
Os lábios da sua mãe são também lábios de mulher
Perdido um, dois, três
Não grita, antes sussurra: podias ser
E escuta: não sou bonito
E olha as mãos que comandam as dela
Ao sexo
Ali onde de muitos em muitos anos
Repousa também uma cabeça
E escreve: que literária, a minha dor
A minha perda
A minha vida
Uma dia afogou-o no peito e respondeu:
Claro que sim, também gosto
E noutro dia queimaram-se em delírios
Encharcados, sovados, engolidos
E fez-lhe um corte na nuca, escondido pelos cabelos
Lambeu-lhe o sangue a gemer isto é tudo um sonho
E chorou
Amanhã espera sobreviver às quatro da tarde
2 comentários:
Este texto e o anterior já foram relidos várias vezes, provavelmmente serão relidos outras tantas. Este quase que nos diz no final 'Perplexo? Então volta cá amanhã. Talvez valha a pena.' E vale.
Abraço
Um espanto, Isabel
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