anda pela casa quando tu, meu amor, finalmente foste embora. chama-te de meu amor pensando no quadro que viu contigo, da Paula Rego, que se chama precisamente "Amor" e por isso inscreve-te naquele olhar, na sua história, uma tragédia: amem-me, sim?
anda pela casa, repousa um pouco, hesita quanto ao seu plano secreto, dele nada soubeste estes dias, fala ao telefone, grita o que te ocultou num sorriso hora após hora, grita, grita, grita. vai à cozinha e vê a sua mão decidir da escuridão daquele espaço: quanto tempo de vida, esta mão?
o seu corpo está quase imóvel. porém, rodou o pescoço e viu um vestido de noiva.
hoje o seu corpo seria outro.