sábado, janeiro 12, 2008

m a d r u g a d a
3 h 32
disse: a minha intenção de novo ano é esta. por isso foi para casa. conteve-se.
pensou: a noite é o que não aconteceu.
respirou. ou não.
recordou: na mesa foi uma outra pessoa.
(um sorriso a contrariar isto: ser uma pessoa reservada)
um dia é sempre uma véspera. mas só isso.
talvez amanhã.
leu menos do que queria. ou do que poderia
(ser-lhe dirigido)
a solidão a aumentar sem ruído. a solidão engorda.
onde morrer?
numa biblioteca. sem o lado esquerdo da cama a desertar o lado direito da cama.
numa biblioteca não se morre.
morrer então assim, ali a viver, porque outra vida não lhe foi possível.
de noite, aqui, tens razão quanto à palavra tu.
uma voz: tu não és um tu para ninguém.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tinha muitas saudades tuas.

Joana Lima disse...

Um beijo cheio de Saudade, muita Saudade.

Лев Давидович disse...

Passam anos sem sermos "tu" para ninguém.
É um bocado como lembrar aquela música dos GNR: "Todos me tratam por você, menos tu, não sei porquê".