Obrigada a todos os que me lêem.
A contradição é enorme, mas sendo isto o espaço mais público do momento, este vem sendo o meu espaço mais íntimo. Eu escrevo aqui para não perder o que escrevo; o mesmo é dizer para não me perder. Fui a última pessoa da minha geração (que conheço) a perceber o que é um computador e a conseguir aceder à net. Antigamente, escrevia compulsivamente e perdia os escritos pelos cantos. Esta coisa a que chamei de consolação permitiu-me armazenar no espaço o que poderia vir a ser um livro, bocados de um livro, vários livros, páginas de um livro, sem perder, sem deitar fora, sem me perder, porque só me interessa escrever sobre a aprendizagem da dor (disso sabem os poucos que lêem o que escrevo em papel) e por isso não posso parar de escrever, enfim, já escrevi muito sobre isso. Este espaço é, portanto, o meu armário. Não me ocorreu, para concretizar esta sensação de armário, numa pequena entrevista a uma revista semanal, aproveitar para dizer que tenho um blog. Durante meia hora de conversa em que se falou do meu livro e do meu amor pela literatura, não me veio à cabeça o Consolação. Não esperava que este viesse a ser lido por tanta gente. É muita gente considerando os textos em causa. Eu só soletro dor. E a vida das pessoas está cheia de dor. E a dor pesa. E mesmo assim há quem não repouse a dor e passe por aqui. Com gosto. Tantas vezes com coragem.
Obrigada a todos os que me lêem. É uma espécie de amor que existe na minha vida: chama-se intimidade e é muito forte. É uma consolação.
Neste momento, preciso de parar. Preciso de silêncio. Preciso de respirar. Preciso de escrever por dentro. Não sei quando volto. Esta necessidade de um retiro pode durar duas, três, quatro semanas, mais tempo, tanto faz. Mas ainda que apenas uma pessoa me lesse aqui, habituada a uma certa regularidade, não poderia ir embora sem um texto de verdade a dizer obrigada e a querer muito as condições de um regresso.
Até um dia.
Isabel
A contradição é enorme, mas sendo isto o espaço mais público do momento, este vem sendo o meu espaço mais íntimo. Eu escrevo aqui para não perder o que escrevo; o mesmo é dizer para não me perder. Fui a última pessoa da minha geração (que conheço) a perceber o que é um computador e a conseguir aceder à net. Antigamente, escrevia compulsivamente e perdia os escritos pelos cantos. Esta coisa a que chamei de consolação permitiu-me armazenar no espaço o que poderia vir a ser um livro, bocados de um livro, vários livros, páginas de um livro, sem perder, sem deitar fora, sem me perder, porque só me interessa escrever sobre a aprendizagem da dor (disso sabem os poucos que lêem o que escrevo em papel) e por isso não posso parar de escrever, enfim, já escrevi muito sobre isso. Este espaço é, portanto, o meu armário. Não me ocorreu, para concretizar esta sensação de armário, numa pequena entrevista a uma revista semanal, aproveitar para dizer que tenho um blog. Durante meia hora de conversa em que se falou do meu livro e do meu amor pela literatura, não me veio à cabeça o Consolação. Não esperava que este viesse a ser lido por tanta gente. É muita gente considerando os textos em causa. Eu só soletro dor. E a vida das pessoas está cheia de dor. E a dor pesa. E mesmo assim há quem não repouse a dor e passe por aqui. Com gosto. Tantas vezes com coragem.
Obrigada a todos os que me lêem. É uma espécie de amor que existe na minha vida: chama-se intimidade e é muito forte. É uma consolação.
Neste momento, preciso de parar. Preciso de silêncio. Preciso de respirar. Preciso de escrever por dentro. Não sei quando volto. Esta necessidade de um retiro pode durar duas, três, quatro semanas, mais tempo, tanto faz. Mas ainda que apenas uma pessoa me lesse aqui, habituada a uma certa regularidade, não poderia ir embora sem um texto de verdade a dizer obrigada e a querer muito as condições de um regresso.
Até um dia.
Isabel