Às quatro da tarde diz volto já
E só ela sabe daquele deserto
Os lençóis para tremer até passar, até passar, vai passar?
Vou passar-me
Depois volta,como se nada fosse
Do mundo,ali,sob o edredão
Onde se conta: duas horas para recuperar e dizer
Então, sempre fazemos assim ou assado?
Dizem-lhe: que bonita
Pensa: que alívio
Os lábios da sua mãe são também lábios de mulher
Perdido um, dois, três
Não grita, antes sussurra: podias ser
E escuta: não sou bonito
E olha as mãos que comandam as dela
Ao sexo
Ali onde de muitos em muitos anos
Repousa também uma cabeça
E escreve: que literária, a minha dor
A minha perda
A minha vida
Uma dia afogou-o no peito e respondeu:
Claro que sim, também gosto
E noutro dia queimaram-se em delírios
Encharcados, sovados, engolidos
E fez-lhe um corte na nuca, escondido pelos cabelos
Lambeu-lhe o sangue a gemer isto é tudo um sonho
E chorou
Amanhã espera sobreviver às quatro da tarde
terça-feira, setembro 25, 2007
quarta-feira, setembro 12, 2007
sete meses hoje
sete são as chagas de nome meses que correram entretanto. numa mesa, por acaso, dizia-me alguém que deu muito por ti. aterras de repente, nesses instantes, no meu corpo, um estrondo sem som, antes muito peso, és uma bomba atómica de dor. tanto de deus neste número sete, descansado ao sétimo dia, ausente os dias todos, grito. nunca te conjugarei no passado. amo-te.
sábado, setembro 08, 2007
Regresso de uma viagem de muito longe
Afinal sempre se regressa e só por duas vezes o medo me encolheu, como hoje, já regressada, entre um golo de vinho e uma passa de cigarro, os restaurantes são os meus campos de concentração, sobretudo quando é novo o vizinho em frente e, por isso, de repente, ali no espaço entre um golo de vinho e uma passa de cigarro, o sangue encosta-se todo na camadinha superior das veias e o medo corre sem aviso, cá estou eu outra vez, digo, e aguento, aguento, afinal aguentei o oriente a seco e, passado o medo, digo vem cá e dou cabo da dor que me fica como sei.
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