terça-feira, março 17, 2009

vou dedicar-te um texto

vou dedicar-te um texto após alguns textos sobre as horas e os minutos e sobre o meu coração a morrer neles de madrugada tão aflita a pedir por um cardiologista já era por ti que chamava um texto hoje estou a correr para um ataque cardíaco sem pontos nem vírgulas na minha boca a comer o ar sem o deitar fora de cada vez vou dedicar-te um texto ou fazer de ti um texto
ontem acordou e pôs as mãos entre as pernas sentiu o quente do sangue e pensou passou um mês exactamente ou quase exactamente e também pensou disse mesmo não terias nojo deste sangue passou um mês exactamente és um texto de um mês e lá vai ela pela calçada a recordar-se de um texto zás uma mão zás uma perna zás o movimento de ancas zás a voz do texto a avisar que não aguenta mais é agora sua doida zás e agora o texto acabou e lembra-se que começou com uma frase absurda a comandar que não podemos não podemos isto e aquilo e em cada movimento o anúncio certo disso e daquilo e agora adeus antes que morta na alma como já se escreveu tantas vezes e agora adeus na mesma posição no cantinho esquerdo da cama à direita o teu sorriso ou gargalhadas e muita humidade e muita humidade e muita saudade