Ela pecou sempre por idealizar o outro. Por isso o outro sempre lhe surgiu como cumpridor e leal. Ela projecta-se no outro e faz do outro o que em si é o peso deste juiz interior e que lhe dita não trair, não mentir. Não faltar para com o outro. Eis a história da sua relação com o outro.
O outro não é o eco do nosso projecto interior. Quase nunca. Quando se marca em episódios essa evidência há uma queda na realidade que se chama desilusão e que sangra muito. A cabeça gira, mata-se em memórias de frases ditas, episódios vividos intensamente, pelos vistos só por um outro, e as costas pregam-se no chão, mas à frente do nosso corpo.
Ela lembra-se de há sete anos atrás, esse número maldito e por estes dias invocado: agora tudo é límpido. Os amigos silenciosos nunca foram amigos, nunca telefonaram, nunca apareceram, tudo esqueceram, porque não eram o outro. Recorda o dia em que prestou uma prova difícil e em que olhava para trás à procura de algum dos outros para ver se se via e neles a sua identidade: não estava lá ela nos outros; não estava lá ninguém.
Ficou apenas uma promessa, uma palavra de honra, silenciada e quebrada. Pelo outro inexistente. Lembra-se do N. e pensa: ironize, ironize.
É evidente que chora. É evidente que se chora.
O outro não é o eco do nosso projecto interior. Quase nunca. Quando se marca em episódios essa evidência há uma queda na realidade que se chama desilusão e que sangra muito. A cabeça gira, mata-se em memórias de frases ditas, episódios vividos intensamente, pelos vistos só por um outro, e as costas pregam-se no chão, mas à frente do nosso corpo.
Ela lembra-se de há sete anos atrás, esse número maldito e por estes dias invocado: agora tudo é límpido. Os amigos silenciosos nunca foram amigos, nunca telefonaram, nunca apareceram, tudo esqueceram, porque não eram o outro. Recorda o dia em que prestou uma prova difícil e em que olhava para trás à procura de algum dos outros para ver se se via e neles a sua identidade: não estava lá ela nos outros; não estava lá ninguém.
Ficou apenas uma promessa, uma palavra de honra, silenciada e quebrada. Pelo outro inexistente. Lembra-se do N. e pensa: ironize, ironize.
É evidente que chora. É evidente que se chora.
2 comentários:
Não consigo evitar de aqui vir...ler, tentar entender, admirar...a professora e a mulher...
Eu vim até à sua página pelo “Diário de Notícias”, edição de ontem, sábado. Não a conhecia, nem à página nem a si – uma mulher, jovem, filha de um homem que marcou a minha formação, pela sua rectidão: antes, enquanto Ministro do Ultramar, depois, enquanto deputado pelo CDS, e agora nas suas intervenções públicas. E eu não me situo políticamente nessas áreas.
A sua página é um bloco-de-notas, de apontamentos que todos nós registamos e que perdemos (perdíamos, até à invenção dos blogues) pelos cantos de casa, entre os papeis, livros, jornais e revistas que acumulamos, uma página onde...
Antes dos “Sonhos”, a sua “Desilusão” lembra-me um poema que na minha adolescência adoptei como cartão-de-identidade. Não o transcrevo, porque decerto o conhece: “7”, de Mário de Sá-Carneiro. Mas sugiro-lhe que o releia.
... Voltarei à sua página, para partilhar dos seus apontamentos...
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