terça-feira, setembro 30, 2008

sou eu

bombas, armas, bombas, estilhaços, tiros, um tiro não certeiro, um tiro, o corpo atirado para o canto do sofá, bombas, armas, bombas, estilhaços, um grito a fazer de cogumelo atómico, às vezes um alívio, pode ser um brigadeiro, uma linha de sangue a percorrer-me as costas, passa por lá as mãos e dá-me um dedo a lamber as memórias, bombas, armas, bombas, estilhaços, tiros, o corpo dobrado na ponta do sofá, os nervos à flor da pele, tenho medo de todas as linhas brancas, bombas, armas, bombas, estilhaços, tiros, tenho medo de todos os fumos ilícitos, bombas, bombas, bombas, não tenho medo do momento em que me levas, tiros, tiros, tiros, tenho sempre medo de amanhã, um tiro certeiro, não me chupes lágrimas antecipadas, pode ser um brigadeiro, armas e bombas, bombas e armas, o meu cabelo no chão e uma barata que passa, bombas, uma bomba, um estilhaço, um corpo suado no chão, sou eu.